Usinas antecipam fim da moagem da cana-de-açúcar e demitem trabalhadores
Maceió, 23/03/2006 - O ano de 2005 foi ruim para os plantadores de cana-de-açúcar de Alagoas. Por causa da estiagem, a produção ficou reduzida em relação ao ano anterior em aproximadamente quatro milhões de toneladas. A safra atual deve fechar em 22 mi/t. Com a cana em escassez, algumas usinas estão antecipando o fim da moagem, representando desemprego para milhares de trabalhadores rurais e um crescimento no êxodo rural sazonal.
Na proporção que as usinas finalizam seus trabalhos mais cedo, a DRT/AL fica abarrotada de trabalhadores rurais requerendo o seguro-desemprego. Os usineiros que não desejam demitir seus trabalhadores têm procurado o órgão para solicitar sua participação no Programa Bolsa-Qualificação. Segundo Fátima Goulart, chefe do Núcleo de Seguro Desemprego e Abono Salarial, quatro usinas do Estado já entraram em contato com a DRT optando pelo benefício.
Alagoas tem 25 usinas e 10 delas param de moer até o final de janeiro, o que representa uma perda de milhões em reais de faturamento. Algumas delas antecipam o fim da moagem em mais de um mês. Os milhares de trabalhadores demitidos são obrigados a migrarem para outras regiões do país, principalmente para o Centro-Sul, que responde por 85% da safra nacional. A safra do ano passado bateu o recorde de 329 milhões de toneladas.
A alternativa apontada pela DRT às usinas é optar pela diversidade de culturas, o que já ocorre com algumas de Alagoas. Para não perderem o lucro nem os funcionários, as usinas também cultivam feijão de corda, mamona, mandioca e hortaliças, uma estratégia que, na opinião do delegado regional do Trabalho, Ricardo Coelho, é ótima escolha econômica para o Estado de Alagoas, que em parceria com os governos, simbolizam relações de trabalho mais estáveis.
Embora cerca de 10 usinas antecipem o fim da moagem, o Sindicato dos Trabalhadores das Usinas de Açúcar e Álcool do Estado de Alagoas acredita que o número de demissões será menor em relação aos outros anos. Para Jackson de Lima Neto, presidente do Sindicato, as usinas têm preferido contratar um número de trabalhadores limitados já prevendo situações atípicas e quando se deparam com o risco, demitem poucos deles e os demais são inseridos no Programa do Governo Federal - Bolsa-Qualificação.