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35 trabalhadores são retirados de fazenda no Pará

Com o grupo foram encontradas duas crianças, filhos de trabalhadores, além de três adolescentes contratados para realizar o trabalho com o grupo, o que não é permitido por lei. Fazendeiro terá de pagar R$ 45 mil em indenizações trabalhistas

Brasília, 20/02/2008 - A equipe de fiscalização da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Pará (SRTE/PA)  retirou na semana passada 35 trabalhadores encontrados em situação análoga a de escravo na fazenda Bonsucesso, município de Paragominas, no Leste do Pará. Na última terça-feira (12), a fiscalização rural da Superintendência esteve na fazenda para averiguar a denúncia de um trabalhador submetido a condições subumanas de trabalho. Ele relatou à fiscalização que os trabalhadores moravam em um curral abandonado, junto com esterco de boi e eram alimentados com restos de carne.

No corpo do trabalhador que fez a denúncia havia várias cicatrizes recentes de ferro quente. Ele garantiu que foi torturado pelo patrão e mais dois homens quando reclamou das más condições de alimentação e do salário atrasado. Após fugir da propriedade, andando dezenas de quilômetros a pé e pegando carona, conseguiu fazer o relato à SRTE/PA.

A fazenda fica a 75km de Paragominas e pertence a Gilberto Andrade. O fazendeiro é reincidente, já que está na chamada Lista Suja - onde o Ministério do Trabalho e Emprego divulga as propriedades onde são encontrada mão-de-obra escrava. Ele entrou na lista por manter 18 pessoas em condições semelhantes no Maranhão, em 2005.

De acordo com o auditor que coordenou a ação, Raimundo Barbosa da Silva, as denúncias do trabalhador foram confirmadas. "O curral não servia mais ao gado, mas sim aos empregados da fazenda", contou Raimundo da Silva. Com o grupo foram encontradas também duas crianças, filhos de trabalhadores, além de três adolescentes contratados para realizar o trabalho com o grupo, o que não é permitido por lei .

As provas recolhidas na fazenda são coerentes com o relato de tortura feito pelo trabalhador . "Os resgatados confirmam que ele deixou o alojamento, sem cicatrizes no corpo, para ir reclamar dos salários e nunca mais apareceu", revela o auditor do MTE.

Os 35 trabalhadores retirados da propriedade em Paragominas sequer tinham carteira assinada, além de ter seus salários atrasados. Na cantina, mantida pela fazenda, eram vendidos fumo, sabonetes e equipamentos de proteção individual, tudo cobrado dos trabalhadores. "Todo gasto deles estava anotado em um caderno", afirmou o auditor.

Gilberto Andrade terá de pagar R$ 45 mil em indenizações e terá de pagar ainda uma indenização por danos morais coletivos. Além disso, poderá responder na Justiça comum se comprovado que participou da tortura ao trabalhador denunciante.


Assessoria de Imprensa do MTE
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