Artigo do ministro Luiz Marinho, publicado na Folha de São Paulo , em 05/05/2006
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) realiza, pela primeira vez no Brasil, um encontro reunindo representantes de governos, empregadores e trabalhadores de 35 países das Américas e do Caribe. É a XVI Reunião Americana Regional da OIT, que discute em Brasília, até hoje, as políticas de promoção do trabalho decente.
Prioridade dos governos do hemisfério, o tema foi debatido em onze instâncias regionais. Após a IV Cúpula das Américas, em 2005, os chefes de Estado assinaram uma declaração na qual ratificam o acordo de combater as desigualdades e consideram o trabalho instrumento de inclusão social.
O governo brasileiro assumiu com a OIT, em 2003, o compromisso de promover o trabalho decente e desenvolver, para tanto, uma agenda nacional, que será lançada na reunião do Conselho Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social do próximo dia 10. As prioridades da Agenda Nacional de Trabalho Decente, as estratégias e os resultados esperados resultam de consultas a organizações de trabalhadores e empregadores, reafirmando a importância que este governo confere ao diálogo social.
Trabalho decente é aquele adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, igualdade e segurança, capaz de garantir uma vida digna ao cidadão. Na Agenda Nacional, as prioridades são: gerar mais e melhores empregos; erradicar o trabalho escravo e o infantil; fortalecer os atores tripartites e o diálogo social.
Nos próximos dias, o presidente Lula anuncia medidas que já atendem a esta última prioridade: o projeto de lei de criação do Conselho Nacional de Relações do Trabalho, um espaço permanente de diálogo e negociação tripartite nas questões referentes às relações de trabalho, e o projeto de lei de reconhecimento das centrais sindicais como órgãos de representação geral dos trabalhadores, com o objetivo de reconhecer as centrais por meio de critérios de representatividade e regulamentar sua participação nos colegiados públicos.
O Brasil tem realizado uma série de ações para promover o trabalho decente. Os investimentos dos programas de geração de emprego e renda do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), cresceram de R$ 6,9 bilhões em 2002 para R$ 21,2 bilhões em 2005, incluindo programas de crédito para micro e pequenas empresas, cooperativas, agricultura familiar. Para 2006, o desembolso aprovado é de R$ 19,4 bilhões, podendo chegar a R$ 23 bilhões.
Outros investimentos para a geração de emprego apresentaram expansão. Os recursos do BNDES para as empresas cresceram de uma média anual de R$ 19,7 bilhões (2% do PIB), no período de 1995-2002, para uma média anual de R$ 40,1 bilhões (2,3% do PIB) no triênio 2003-2005.
O número de empregos formais também é destaque. De janeiro de
As políticas de emprego para a juventude já beneficiaram 1,38 milhão de jovens, se somadas as ações de programas de qualificação e do Sine às ações do Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego (PNPE), que busca inserir no mercado jovens de
No combate ao trabalho escravo, avançamos bastante. Os Grupos Móveis de Fiscalização libertaram, de
Quanto ao trabalho infantil, no ano passado o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) beneficiou 1 milhão de crianças em 3.312 municípios, com a concessão de R$ 532 milhões em bolsas para que deixassem o trabalho e retornassem à escola.
Mas a grande conquista do trabalhador em 2006 foi o reajuste do salário mínimo, resultado do diálogo social. Antecipado para abril, o mínimo teve um ganho real de 13%, o maior desde 1995. Esse reajuste irá injetar cerca de R$ 15 bilhões na economia e provocar o incremento de R$ 3,7 bilhões na arrecadação tributária. Dados do Dieese apontam que o poder de compra do piso nacional, em termos de cesta básica, será o maior desde 1979.
É o Brasil trabalhando fortemente para garantir trabalho digno a todos os brasileiros, consciente de que esta é a condição fundamental para a superação da pobreza, redução das desigualdades sociais, garantia da governabilidade democrática e do desenvolvimento sustentável.