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CONSÓRCIO DA JUVENTUDE






O agosto do bom gosto

"Ainda em janeiro afirmava que o Brasil teria um segundo trimestre de melhora, e um segundo semestre excepcional para o mercado de trabalho"

 

Desde dezembro do ano passado, quando tivemos o agravamento da crise com a perda de mais de 650 mil vagas formais, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego, comecei a estudar mais a fundo um a um os 27 subsetores da economia nacional. Neste período, verifiquei a recuperação de alguns setores perante os primeiros meses da crise, ainda no ano passado. Ampliei a medição detalhada, setorizada, por região e município de todas as unidades da federação, levando em conta toda a grandiosidade do Brasil e a diversificação das atividades econômicas hoje encontradas aqui.

 

Acompanhando todas essas informações quase que diariamente, ainda em janeiro afirmava que o Brasil teria um segundo trimestre de melhora, e um segundo semestre excepcional para o mercado de trabalho. Este dado foi reforçado com o anúncio que fiz ontem, de que mais de 242 mil novos postos de trabalho foram abertos em agosto. Recorde para o mês desde a medição do Caged, iniciada em 1992. Com acesso a todos esses números, diferentemente dos grandes "economistas" que continuam pregando que o Brasil vive uma recessão e baseados apenas em lucros de empresas privadas,  previ que este ano geraríamos mais de um milhão de empregos, com a PIB crescendo acima dos 2%.

 

Lembro que, ainda em janeiro, com esta previsão, muitos estudiosos me chamaram de demagogo, dizendo que o PIB brasileiro teria saldo negativo de 3 a 3,5% e o Brasil demoraria anos para deixar a "recessão"apontada por eles, desmerecendo o meu direito a ter uma opinião, mesmo que baseada em dados reais do mercado de trabalho.

 

Neste mesmo período analisei que ao contrário dos anos anteriores de medição, quando o primeiro semestre era muito forte na criação de vagas, este ano teríamos um resultado inverso. A análise é simples: como muitos empresários ficaram com medo de investir no período em que só faltaram dizer que o mundo acabaria por conta da crise financeira, os estoques nas grades indústrias aumentaram devido ao grande número de demissões realizadas no período. À época, afirmei também que não havia necessidade destas demissões.

 

Como quase todos os setores da economia estão diretamente ligados as grandes indústrias, um círculo de pavor tomou conta da economia, potencializando as demissões. Quando baixou a poeira - mais da incerteza do que da realidade - e com estoques quase no zero, estas indústrias voltaram a contratar. E vão contratar ainda mais para correr atrás do tempo perdido. Minha avaliação é de que não levaram em conta alguns aspectos do Brasil - como o ganho real do salário mínimo, que em sete anos de Governo Lula acumula alta de mais de 60% acima da inflação, e do mercado consumidor interno, que em nenhum momento arrefeceu com a crise internacional. E os números comprovam isso.

 

É claro que houve um impacto da crise, principalmente nos setores mais focados na exportação, nos negócios internacionais, que aí sim tiveram uma retração mais forte. Mas a economia interna reagiu bem.

 

Para se avaliar o peso destes números, nos Estados Unidos, de janeiro a agosto deste ano, foram fechadas mais de 3,8 milhões de vagas. A zona do Euro, na Europa, perdeu nestes sete primeiros meses, 1,4 milhão empregos e o Brasil nestes oito meses criou 680 mil novas vagas de trabalho. Essa é a prova mais forte do acerto da política econômica do governo federal. Com o controle da inflação, uma política forte de comércio externo, a melhoria da produtividade de setores estratégicos do país, transformando o Estado numa espécie de locomotiva da economia, com bancos oficiais injetando milhões em créditos e investimentos públicos.

 

Esses fatos somados à situação da estabilidade da economia brasileira, o respeito internacional do Brasil faz com que reafirme aquilo que tenho dito nos últimos oito meses, às vezes isoladamente, às vezes sendo ridicularizado, mas chegando ao mês de agosto, podendo, com tranqüilidade dizer aos pessimistas: O Brasil venceu a crise.


Carlos Lupi

* Artigo publicado no(a) Jornal do Brasil em 17 de Setembro de 2009.



 



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