Nos últimos seis anos entramos em um ciclo produtivo tão forte, que minha perspectiva é que, mesmo com a crise internacional, o Brasil tenha solidez para continuar crescendo na adversidade e pelos próximos 10 anos
O mês de maio é conhecido internacionalmente por abrigar o Dia do Trabalho. No Brasil, maio, além de reafirmar um mês de luta para os trabalhadores, que ao longo dos anos vêm garantindo seus direitos através da luta sindical, e garantindo melhores salários e condições de trabalho, este maio foi especial para o mercado de trabalho brasileiro. Isso porque, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), índice medido pelo Ministério do Trabalho e Emprego, foi o melhor mês na geração de empregos com carteira assinada em 2009, com 131 mil novas vagas.
Na verdade, esta informação passaria despercebida se fosse, por exemplo, em 2008. Naquele ano, quando caminhávamos para o recorde histórico da série do Caged, o Brasil gerou em maio mais de 200 mil novos empregos. Mas a notícia de que 131 mil novos brasileiros tiveram sua carteira de trabalho assinada não pode passar despercebida quando o mundo enfrenta a maior recessão da história moderna. Somente nos Estados Unidos, desde o início da crise, ainda no ano passado, mais de 5 milhões de postos de trabalho foram fechados, deixando a maior economia do mundo de joelhos perante o mercado internacional.
Venho repetindo desde o final do ano passado, quando os índices apontavam um número de demissões bem acima do normal, que teríamos um primeiro trimestre preocupante. E esses números se confirmaram nos meses de dezembro e janeiro, quando o saldo entre contratações e admissões no mercado de trabalho ficou negativo. Fevereiro apontou uma ligeira alta, com índice positivo acima das 9 mil contratações, e foi quando tive a certeza que o Brasil já havia deixado para trás a crise internacional. E afirmo isso porque este maio foi o primeiro mês do ano em que todos os setores da economia e em todas as regiões do Brasil cresceram.
E digo com a mais absoluta certeza de que esses índices não caíram do céu. Eles fazem parte de uma série de medidas adotadas pelo Governo Federal nos últimos meses e que colocaram o Brasil na vanguarda da crise. O foco no aumento de crédito para o setor produtivo, e a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para o carro zero e para a chamada linha branca de eletrodomésticos, foi o ponta pé inicial para nortear as demais ações em conjunto - e rápidas - em toda Esplanada dos Ministérios.
Aqui no Ministério do Trabalho, onde os dois principais fundos do governo estão - o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) - que somados significam mais de R$ 350 bilhões em reservas, medidas de aberturas de crédito - como a linha recém lançada de R$ 100 milhões do FAT para trabalhadores que utilizam motocicletas até 150 cilindradas possam substituir seus veículos, equacionam uma fórmula muito simples: aumentar a procura e aquecer o setor produtivo, garantindo o crescimento, e conseqüentemente o emprego. Outra medida recentemente divulgada, também com recursos do FAT, foi a de abertura de outra linha crédito, esta de R$ 200 milhões, para a modernização de pequenas agências de viagens. Uma medida que tem o objetivo de manter aquecido o turismo doméstico no Brasil.
Semana passada participei da 98ª Conferência Internacional do Trabalho, em Genebra, promovida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Os Ministros do Trabalho da Espanha e da Alemanha, além de outros países do continente americano, solicitaram à missão brasileira reuniões bilaterais com o Brasil. O principal assunto era o crescimento do emprego no Brasil, num momento em que a Europa se encontra em uma das piores recessões da história, fechando milhões de postos de trabalho. A minha resposta, em todas as reuniões, estava na ponta da língua: bancos públicos sólidos, fundos de investimentos públicos injetando milhões em créditos no mercado interno e medidas anticíclicas rápidas.
São essas medidas, e consequentemente os números atingidos pelo Brasil que me permitem ter uma visão otimista da economia brasileira. Nos últimos seis anos entramos em um ciclo produtivo tão forte, que minha perspectiva é que, mesmo com a crise internacional, o Brasil tenha solidez para continuar crescendo na adversidade e pelos próximos 10 anos. Este ano geraremos mais de um milhão de postos de trabalho e nosso PIB irá crescer acima dos 2%, contrariando economistas pessimistas, que mesmo diante dos números positivos, insistem em dizer que o Brasil está no fundo do poço.