O Brasil estabeleceu políticas públicas voltadas para os setores produtivos da economia. Por Luiz Marinho
A economia brasileira demonstra, desde 2004, grande capacidade de gerar emprego e renda de forma mais consistente, contrariando uma lógica comum no início da globalização de que a empresa, para ser competitiva, tinha de enxugar sua folha de pagamentos. A derrubada dessa tese é resultado de um conjunto de ações de governo, entre elas, o aumento dos investimentos, da ampliação de linhas de crédito - inclusive para setores exportadores -, do controle da inflação, do processo de redução da taxa de juros e da melhor distribuição da renda, que, juntos, privilegiaram a geração de emprego de qualidade para um número cada vez maior de trabalhadores.
O emprego na indústria vem reagindo de forma mais positiva ao crescimento da produção, ao contrário do que ocorreu nos anos 90. Enquanto no período de dezembro de
Na década de
Mesmo quando a economia crescia, a resposta do emprego, em especial no setor fabril, era incompatível com o ritmo de crescimento da população economicamente ativa. Nesse contexto de busca pela sobrevivência em um mundo crescentemente globalizado e em um mercado interno de elevada concentração de renda, se disseminou a visão de que a reestruturação produtiva da indústria faria com que o setor não mais voltasse a ser importante fonte de emprego.
Entretanto, contrariando todas as expectativas, o Brasil reverteu o cenário negativo estabelecendo políticas públicas para os setores produtivos da economia e medidas de apoio ao setor produtivo. Reconhecendo a importância da indústria, foram colocadas em prática políticas tecnológicas e de comércio exterior. Com estratégias definidas e ações integradas e focadas, visando mudar o patamar competitivo da indústria brasileira a partir da inovação e diferenciação dos produtos, essas políticas foram implementadas com o propósito de inserir o país nos principais mercados do mundo. Tal reengenharia institucional representou importante avanço em relação a um período de várias décadas, no qual o Estado havia perdido a capacidade de formular e coordenar uma política consistente voltada para o setor manufatureiro.
Era preciso, porém, fazer mais para incrementar a economia e gerar empregos no setor. O BNDES criou programas como o de Modernização do Parque Industrial Nacional e o de Apoio ao Desenvolvimento da Cadeia Produtiva Farmacêutica, assim como aqueles voltados para a infra-estrutura. Os desembolsos do BNDES para a indústria de transformação cresceram de R$ 17,2 bilhões em 2002 para R$ 23,1 bilhões em 2005 (alta de 34,5%).
A expansão das exportações e do crédito também favoreceram o setor secundário. As vendas de manufaturados para o exterior cresceram de US$ 33 bilhões em 2002 para US$ 65,1 bilhões em 2005 e o crédito alcançou 31,6% do PIB em março de 2006, sendo este último o maior patamar desde novembro de 1997.
Como resultado, a produção industrial, segundo os dados da pesquisa mensal do IBGE, cresceu ao ritmo de 3,8%a.a. de
O governo também está atento às turbulências que podem afetar o emprego, como a flutuação cambial, e está construindo medidas de apoio aos setores produtivos , de forma a garantir a competitividade da indústria doméstica no mercado internacional. O atual processo de redução das taxas de juros deve reverter a tendência de valorização e contribuir para um ajuste do câmbio, assim como estimular investimentos na modernização da indústria nacional. Cabe destacar, também, a reativação da Política Industrial.
Para dinamizar a geração de empregos é preciso dar continuidade ao crescimento econômico, a ampliação da capacidade produtiva e a modernização da infra-estrutura do país. Também é preciso encontrar mecanismos de apoio para os setores sobreviverem a períodos de transição, como este, provocado pela flutuação cambial. Com isso, será possível ampliar as exportações - trazendo divisas externas para propiciar a remuneração do capital estrangeiro aqui investido - e, mais importante, garantir a inclusão de um número maior de pessoas no mercado consumidor interno.