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Consórcio Social da Juventude indígena é lançado em Mato Grosso

Primeiro projeto de qualificação voltado para o povo indígena do Brasil prevê qualificar jovens no beneficiamento de produtos existentes em seus territórios, como óleo de copaíba e castanha-do-pará

Foto: Renato Alves

Ministro Carlos Lupi durante encontro com indio Raoni

ARQUIVO

Ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, durante encontro com o cacique Raoni, em 5/12/2007

 

Brasília, 31/03/2008 - O primeiro Consórcio Social da Juventude para comunidades indígenas já está fazendo o mapeamento nas regiões do Mato Grosso e do Pará - territórios onde irá atuar - sobre quais tipos de produtos os estudantes poderão, no decorrer do curso, trabalhar na terra a fim de atender o mercado consumidor.

O consórcio irá qualificar mil jovens indígenas, com idades entre 16 e 24 anos, em atividades geradoras de emprego e renda, como no beneficiamento dos produtos existentes em seus territórios: óleo de copaíba, castanha-do-pará, breu branco, pequi, mel de abelha, artesanato e seringa, entre outros. Serão atendidos jovens das Aldeias Piaraçu, Metuktire, Kapoto, Panará, Kororoty, Apiakas, Mairobe, Juruma, Tubatubá entre outras.

O Consórcio Social da Juventude do Xingu, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em parceria com o Instituto Raoni promoveu, nos dias 17 e 18 deste mês, na cidade de Colíde (MT), uma reunião para elaboração do plano de negócios, direcionado para a comunidade indígena Kayapó. O encontro teve como objetivo estruturar as cadeias produtivas do óleo de copaíba e da resina do breu branco. Participaram caciques de 12 aldeias do território indígena Kayapó, além de representantes do governo do estado, Sebrae, prefeitura municipal, Cooperativa dos Agricultores Ecológicos  do Portal da Amazônia, FUNAI, Instituto Raoni e funcionários do Banco do Brasil da Gerência do Desenvolvimento Regional Sustentável.

O líder indígena cacique Raoni, persente no evento, destacou que o projeto será um "legado que deixará para seus  filhos e netos".  O representante da Funai, Megaron Txucarrame, completou: "Nós queríamos apenas aprender a produzir, mas vocês pensam lá na frente, para quem vai vender, como vai comercializar".

Qualificação - O Consórcio prevê a capacitação desses jovens indígenas por meio de cursos também em psicultura,  produção audiovisual, comunicação e marqueting, agroextrativismo, segurança alimentar, joalheria, vestuário, produção agroecológica, comercialização de produtos, além possibilitar sua inclusão digital. Os cursos têm previsão de seis meses e as aulas devem começar no início de maio.

Além dos cursos, o projeto prevê também a atividade de empreendedorismo, onde os jovens indígenas serão inseridos em um projeto de desenvolvimento local e economia solidária. A idéia é que os jovens apliquem os conhecimentos adquiridos nos cursos para inciarem cooperativas ou projetos associativos que garantam sua sustentabilidade local. Nas palavras do cacique Kaiapó, Megaron Metuktire: "Nós estamos aprendendo a cultura brasileira, as coisas dos brasileiros, para manter nossas terras e proteger nossa própria cultura."

Instituto Raoni - A entidade âncora responsável pelo monitoramento e avaliação das ações desenvolvidas será o Instituto Raoni. Fundada em 2000, a entidade foi criada para arrecadar fundos e demarcar terras indígenas dos Kaiapós e tem como principal fonte de financiamento a cooperação internacional e a venda de produtos culturais.

Atualmente,sua principal função é lutar pela preservação da cultura Kaiapó e a promoção do desenvolvimento sustentável, daí surgiu a necessidade de um convênio com o Ministério do Trabalho para a criação de um Consórcio Social da Juventude Indígena.

IBGE - De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no Censo Demográfico de 2000, embora a sociedade indígena seja dona de 12,5% do território nacional, 90% do seu povo vive por meio de subsídios governamentais, sem renda fixa. Os Kayapós, detentores de 12,5 milhões de hectares de floresta nativa, vem tendo sua terra explorada de forma irregular e ilegal por agentes externos, principalmente pela falta de capacitação das suas comunidades, uma realidade que o projeto do Consórcio Social da Juventude Indígena do Xingu, aliado a outros projetos na região, pretende transformar.

O projeto será desenvolvido em parceria do Ministério do Trabalho e Emprego, que coordenará a execução do consórcio, Banco do Brasil, Governo do Mato Grosso, SEBRAE, PNUD, Funai, Corpo de Bombeiros do Mato Grosso e com apoio de várias entidades internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Assessoria de Imprensa do MTE
(61) 3317-6537/2430 - acs@mte.gov.br






 



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