Empreendimento terá moeda própria (guará) e vai facilitar o acesso ao crédito em Alcântara, cidade onde maioria da população é descendente de escravos
Brasília, 21/11/2007 - A cidade de Alcântara (MA) ganhou nesta terça-feira (21), Dia Nacional da Consciência Negra, o primeiro banco comunitário quilombola do país. O empreendimento instalado no centro do município terá moeda própria - o guará, nome de uma ave local - e vai facilitar o acesso ao crédito a pequenos empreendedores, impulsionando o desenvolvimento da cidade de 22 mil habitantes, a maioria descendente de escravos.
O banco terá um capital inicial de R$ 50 mil e utilizará em suas operações voltadas para a concessão de microcrédito produtivo um taxa de juros de 0,5% a 2%, bem abaixo da praticada pelo mercado. As operações serão feitas em guarás (cada guará tem o valor equivalente a R$ 1), sem a cobrança de taxas.
"A finalidade da moeda social é estimular o consumo de bens e serviços produzidos pela própria comunidade. Hoje são várias moedas sociais que circulam nos estados e que geralmente equivalem ao valor do real. Elas têm a finalidade de incentivar o comércio local", explica Dione Manetti, diretor de Fomento da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), do Ministério do Trabalho e Emprego.
Desenvolvimento local - A necessidade da criação de um banco comunitário em Alcântara (MA) foi apontada por agentes do Programa de Promoção de Desenvolvimento Local e Economia Solidária (PPDLES). A Economia Solidária vem desenvolvendo deste o ano passado a capacitação de agentes de desenvolvimento solidário, que atuam em comunidades pobres de todo o país. Eles atuam na organização de grupos e empreendimentos produtivos locais para a geração de trabalho e renda pela via solidária.
Dos R$ 50 mil de fundo do Banco Quilombola, R$ 30 mil são provenientes do Banco Popular do Brasil e R$ 20 mil do Governo do Maranhão, por meio da Secretaria Estadual do Trabalho e Economia Solidária (Setres). O apoio do governo estadual foi conquistado por meio da seleção pública de projetos.
"Acreditamos que o microcrédito pode ampliar a geração de trabalho e renda. Essa é nossa primeira experiência de banco comunitário", afirma Terezinha Fernandes, secretária que comanda a Setres.
Para Manetti, "outro grande diferencial dessa iniciativa é a independência de governos. O Banco Comunitário ganha um apoio inicial para adquirir autonomia e caminhar sozinho por meio da atuação da própria comunidade", avalia.
Assessoria de Imprensa do MTE
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