Brasília, 07/03/2008 - Auditores fiscais do Grupo Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego encontraram 116 trabalhadores em situação degradante de trabalho e alojamento em fazenda de cana-de-açúcar na cidade goiana de Mineiros. Outros 17 foram resgatados nas mesmas condições no município de Campo Alegre, também em Goiás.
A operação, que teve início em 26 de fevereiro (terça-feira), fiscaliza empreendimentos da usina Brenco, uma das maiores produtoras de etanol do país.
De acordo com a coordenadora da ação fiscal, a Auditora Fiscal do Trabalho Jaqueline Carrijo, os 116 trabalhadores da empresa estavam alojados em duas hospedarias e três casas na cidade de Mineiros. "Muitos reclamavam que passavam fome e frio e todos os locais estavam superlotados e em péssimas condições de higiene", afirma.
Ela destaca ainda que os trabalhadores encontrados nessas condições vão ter seus contratos rescindidos. "O contratador fez promessas não-cumpridas aos trabalhadores. Muitos deles não querem continuar na empresa", explica Jacqueline.
Em Campo Alegre de Goiás, outros 17 trabalhadores contratadas pela mesma usina estão, desde janeiro, alojadas de modo irregular, aguardando autorização para serem transportadas para Alto Taquari (MT). "Além de pagar aluguel, o alojamento era sujo e havia ratos e baratas. Tudo estava pelo chão: lixo, roupas e pertences", descreve a coordenadora. "Esses já receberam suas verbas rescisórias e voltaram para casa", afirma.
Os 17 trabalhadores, contratados para corte de cana, tinham a promessa de carteira assinada, seguro de saúde e alojamento na cidade. "Mesmo sendo funcionário da empresa, o contratador da usina manteve a prática antiga de aliciamento com base na promessa enganosa", lamenta Carrijo.
Na empresa foram encontradas também outras irregularidades, principalmente nos alojamentos Netinho 1 e Netinho 2, em Alto Taquari, que abrigam quase 1,4 mil pessoas. "O transporte irregular e a não possibilidade de comunicação deixava os trabalhadores sem poder falar com suas famílias", explica Jaqueline.
O Grupo visitou as frentes de trabalho da empresa. Nas fazendas Laranjeiras e Quixadá I, propriedades arrendadas para abastecer as usinas de Mineiros, os caminhões de transporte de mudas de cana foram interditados por falta de segurança. Faltava aos veículos uma proteção que segure os cintos de segurança especial, para que os trabalhadores que jogam as mudas do alto dos caminhões canavieiros não caiam. "Não havia abrigo para as refeições, instalações sanitárias, além de outros itens obrigatórios de segurança, como sabão para lavar as mãos dos trabalhadores que lidam com agrotóxicos, por exemplo", explica a coordenadora.
Na segunda-feira começa o pagamento das rescisões trabalhistas dos 116 trabalhadores restantes.
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