Em reunião na Conatrae, secretária Ruth Vilela afirma que retorno das operações está condicionado à segurança dos auditores
Brasília, 03/10/2007 - Durante participação na reunião da Comissão Nacional Para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae), nesta quarta-feira (03), em Brasília, a secretária de Inspeção do Trabalho, Ruth Vilela, adiantou que o Grupo Móvel deve retomar suas atividades em breve. "Estamos tendo reuniões com vários parceiros e esta semana vou conversar com os coordenadores do Grupo. Depois informarei ao ministro Carlos Lupi a situação", disse a secretária.
As atividades do Grupo estão suspensas desde o início da semana passada, logo após uma comissão formada pelos senadores Flexa Ribeiro, Kátia Abreu, Romeu Tuma, Jarbas Vasconcelos e Cícero Lucena ter levantando suspeitas sobre uma operação ocorrida em junho, na fazenda Pagrisa, no Pará. A operação na fazenda resultou na libertação de 1.064 trabalhadores que se encontravam em condições análogas à de escravos, o maior grupo já libertado pela fiscalização.
Na reunião da Conatrae, que tem a participação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da Secretaria de Direitos Humanos e de parceiros como a Comissão Pastoral da Terra e de ONGs que apóiam a luta pelo erradicação do trabalho escravo, a secretária afirmou que a volta das ações está condicionada à segurança do Grupo.
"Queremos retornar as ações o mais rápido possível, mas precisamos assegurar aos fiscais a segurança já prevista em lei, garantindo a sua integridade física. Além disso, é
preciso fortalecer a fiscalização para que não tenhamos mais interferência externa no trabalho", afirmou.
As entidades presentes na Conatrae reafirmaram seu apoio à paralisação dos auditores. "A medida, apesar de dura, fez com que aqueles que defendem o combate ao trabalho escravo no Brasil se posicionem claramente e repudiem a postura de quem quer enfraquecer o Grupo Móvel", afirmou o frei Xavier Plassat, que falou em nome da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
O senador José Nery (PSOL), que também participou da reunião e integra uma comissão criada no Senado para avaliar a fiscalização, defendeu o trabalho da Móvel. "Devemos aproveitar o momento para mostrar o problema do escravismo moderno à sociedade brasileira, muitos não acreditam que a prática exista realmente", disse.
A representante da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Laís Abramo, reiterou o apoio à determinação do governo brasileiro no combate ao trabalho escravo. "O Brasil é citado no relatório global da OIT como uma referência no combate a essa prática no mundo e um fator preponderante para isso é o Grupo Móvel. Somos contra qualquer tentativa de interferência no seu trabalho", afirmou.
O presidente da Conatrae, ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, acredita que o momento é importante para que se realize uma campanha nacional contra o trabalho escravo. "Em nome da Conatrae, vou pedir ao ministro Lupi o retorno da Móvel" garantiu.
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