Parte dos trabalhadores dormia no chão e a água disponível para consumo era armazenada em galões utilizados para guardar agrotóxicos
Brasília, 28/03/2008 - Numa ação corrida na semana passada no oeste baiano o Grupo Móvel de Fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego retirou 27 pessoas - 26 homens e uma mulher - de situação de trabalho degradante na Fazenda Guarani, no município de São Desidério, no oeste da BA. O grupo fazia o trabalho de roço para limpeza do mato ao redor dos pés de algodão.
De acordo com a auditora fiscal do Trabalho, Virna Damasceno, coordenadora da ação, boa parte dos trabalhadores dormia no chão e bebia água em galões utilizados para guardar agrotóxicos. "Aqueles que não tinham colchonetes, dormiam no chão ou em cima de sacos plásticos jogados pelo galpão", relata.
A fazenda tem como proprietário Belmiro Catelan, sócio do grupo Catelan, produtores de soja, milho e algodão, mas a responsabilidade de contratação estava a cargo de Jair Benadel, arrendatário do grupo. Os trabalhadores recebiam de acordo com a produção e muitos tinham dívidas no comércio ilegal mantido pelo "gato" contratante, conhecido como "Del", mas de nome Fidelíssimo que vendia também produtos de higiene, além de cigarros e bolachas, entre outros artigos e anotava tudo num caderno para depois descontar do salário dos trabalhadores.
"Os mais antigos já tinham recebido parte dos pagamentos, mas estavam bem abaixo do que eles deveriam ganhar", informou Virna.
O proprietário teve de pagar R$ 66 mil aos trabalhadores, sendo R$ 27 mil de danos morais individuais - R$ 1 mil a cada um dos trabalhadores -, além das verbas rescisórias. Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado entre o empregador e o Ministério Público do Trabalho prevê a melhoraria nas condições de alojamento, alimentação e de trabalho oferecidas, além disso, será feita uma doação para a reforma de uma escola municipal no distrito de Roda Velha, onde se localiza a Fazenda Guarani, e a compra de medicamentos para o posto de saúde local.
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