Biblioteconomia, como área do conhecimento, passou a existir, no Brasil, a partir de 1911, quando Manuel Cícero Peregrino da Silva, então Diretor da Biblioteca Nacional, conseguiu oficializar a criação do primeiro Curso de Biblioteconomia do país
Brasília, 12/03/2009 - A tarefa de preservar pensamentos para além do tempo de vida de seus autores e personagens é tarefa de um profissional que comemora hoje o seu dia, o bibliotecário. Sob o código 2612, do Cadastro Brasileiro de Ocupações (CBO), também é conhecido como bibliógrafo, biblioteconomista, cientista de informação, consultor de informação, especialista de informação, gerente de informação, gestor de informação.
É responsável por fazer a mediação entre a sociedade e o conhecimento registrado nos mais diferentes tipos de materiais. Em seu dia-a-dia planeja, organiza e implanta centros de documentação e acervos audiovisuais, gerencia bibliotecas, analisa e o processa documentos variados. Com a revolução tecnológica e a crescente extinção das montanhas de papéis, a exigência pelos conhecimentos em computação também tornou-se fundamental.
Para o bibliotecário da Universidade Federal de Pernambuco, Marcos Soares, o exercício da profissão vai além de uma técnica ou divisão temática. "Temos que pensar no leitor, sobretudo. A tecnologia é um instrumento que facilita nosso trabalho", analisou.
Com uma gama de atividades possíveis, o mercado de trabalho tem expandido para além das bibliotecas, universidades e orgãos governamentais. Cresce a procura por seus serviços em centros de pesquisa, empresas e museus e prestação de assessoria e consultoria. Hoje são 30 mil atuando no mercado formal, de acordo com o Conselho Federal de Biblioteconomia.
De acordo com código de ética profissional, para o exercício da profissão, o bibliotecário deve ser formado em Biblioteconomia e possuir registro profissional no Conselho Regional. Os profissionais devem atentar para alguns preceitos, tais como atuar com dedicação e zelo, contribuir, como cidadão e como profissional, para o incessante desenvolvimento da sociedade e dos princípios legais que regem o país. Devem ainda conhecer a legislação que rege a profissão para, dentre outras funções, combater o exercício ilegal da profissão.
Ao analisar a situação das bibliotecas no País, a vice-presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia e bibliotecária da Universidade de Brasília, Neide Aparecida Gomes reconhece a deficiência no sistema, principalmente no interior do País. "O Brasil não possui bibliotecas suficientes para atender os leitores e para tentar solucionar esse problema, lançamos em recentemente em audiência pública na Câmara dos Deputados o projeto 'Biblioteca Escolar - construção de uma rede de informação para o ensino público'.
O projeto mostra a importância de instalação de bibliotecas em cada ponto do país e delega aos Conselhos Regionais a divulgação, junto aos Governos locais, da implantação da rede. "O público-alvo são as crianças. O grande desafio é formar leitores e isso tem que ser feito na ainda infância, para que eles criem o hábito e ser tornem leitores", contou.
Atualmente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem cerca de 4,8 mil bibliotecas públicas no Brasil, o que significa que mais de mil municípios brasileiros não contam com o serviço.
Projetos de Lei - Está em análise na Câmara Projeto de Lei 2033/07, que torna obrigatória a instalação de bibliotecas, com acervo mínimo de 2 mil exemplares, em todos os municípios com população igual ou superior a 100 mil habitantes. O texto altera a Lei 10.753/03, que institui a Política Nacional do Livro e delega a gestão da política ao Poder Executivo, por meio do Ministério da Cultura, e os estados e municípios serão os responsáveis pela manutenção das bibliotecas, conservação e atualização do acervo.
Outra proposta é o Projeto de Lei 3044/08 que determina prazo de cinco anos, a partir da aprovação da medida, para que todas as unidades de ensino do País disponham de bibliotecas com acervo inicial mínimo de quatro livros por aluno. As entidades mantenedoras das escolas deverão criar e manter essas bibliotecas. Os ministérios da Educação e da Cultura ficarão responsáveis pela orientação de acervos básicos e pela distribuição de obras que atendam a todas as áreas de interesse do estudo e da cultura nos diversos níveis de ensino.
Em ação - Enquanto não há a regulamentação das leis, vários projetos já em ação. O Programa Fome de Livro, criado pelo Ministério da Cultura e pela Fundação Biblioteca Nacional em 2003, tem como prioridade a expansão da rede de bibliotecas públicas. Conforme levantamento do Ministério, de 2003 a 2007 foram instaladas 714 novas bibliotecas públicas, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste.
Acervos em escolas públicas estão sendo formados a partir de outros programas do MEC, como o Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE), que envia títulos de literatura e obras de referência aos colégios, e o Ler é legal, da própria secretaria, que dá créditos às escolas para que os alunos comprem as obras de seu interesse durante a Feira do Livro de Brasília. Há também outros dois projetos em andamento para fortalecer a leitura: a Caixa-estante (minibiblioteca que circula pelas salas de aula) e Leitura de jornais (que distribui jornais às escolas).
Tecnologia a serviço da biblioteconomia- Foi inaugurada no ano passado, em Porto Alegre, a considerada biblioteca mais avançada da América do Sul. Espaço com 21 mil metros quadrados e 14 andares reúne alta tecnologia e apresenta um novo conceito de autonomia para os usuários que terão espaço cultural, para leitura, aprendizado e reflexão.
O diferencial está na tecnologia. Há um sistema que oferece pesquisa múltipla, que possibilita pesquisas em várias fontes de informação da Biblioteca e todos os exemplares receberam etiquetas de identificação por radiofreqüência. O auto-atendimento para empréstimo e devolução são também novidades. A Biblioteca conta também com uma sala especial para atender deficientes visuais, composto de computadores e softwares especiais com mídia sonora.
História - A Biblioteconomia, como área do conhecimento, passou a existir, no Brasil, a partir de 1911, quando Manuel Cícero Peregrino da Silva, então Diretor da Biblioteca Nacional, conseguiu oficializar a criação do primeiro Curso de Biblioteconomia do país, primeiro também da América do Sul e 3º no mundo. A partir da década de 30, graças especialmente aos esforços de Rubens Borba de Moraes, a biblioteconomia começou a progredir em passos mais largos, com a criação da primeira Escola de Biblioteconomia. Hoje já são 35 cursos no Brasil.
Os esforços para o reconhecimento da biblioteconomia junto aos poderes públicos e junto à sociedade brasileira iniciaram na década de 50 com a liderança de bibliotecária Laura Garcia Moreno Russo, de São Paulo. A primeira vitória veio em 1958, com a Portaria nº 162, Ministério do Trabalho e Previdência Social, através da qual a profissão de bibliotecário foi regulamentada no Serviço Público Federal, tendo sido incluída no 19º Grupo das profissões liberais.
Em 1962 foi aprovada a Lei nº 4084, que regula, até hoje, o exercício da profissão de bibliotecário no Brasil e estabelece as prerrogativas dos portadores de diploma em biblioteconomia no país. A regulamentação da Lei nº 4084, veio através do Decreto nº 56725, de 1962 que, entre outras coisas, possibilitou a instalação do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais de Biblioteconomia, alguns anos depois.
O Dia - No Brasil, o Dia do Bibliotecário, foi instituído pelo Decreto nº 84.631, de 12 de abril de 1980, a ser comemorado em todo o território nacional a 12 de março, data do nascimento do bibliotecário, escritor e poeta Manuel Bastos Tigre.
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