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Mais seis resgatados no fim da ação do Grupo Móvel de Fiscalização no Pará

Foram encontrados trabalhadores em condição degradante em outra fazenda em São Félix do Xingu (PA), sendo que três deles eram menores de idade. Ação termina com 44 libertados

Brasília, 30/05/2008 - O Grupo de Fiscalização Móvel encontrou mais seis trabalhadores em condições análogas a de escravos em outra fazenda no município de São Félix do Xingu, no Pará. No final da semana passada, 38 já haviam sido libertados numa operação que contou com a ajuda da Aeronáutica, já que a fazenda ficava a 200km do município e era de difícil acesso.

Entre os seis libertados na segunda fazenda, havia três menores de idade, entre 15 e 17 anos. Eles tinham sido contratados para trabalhar na criação de gado e viviam em condição degradante de moradia, alimentação e higiene. O grupo de trabalhadores foi encaminhando para suas cidades de origem e tiveram todos os direitos trabalhistas pagos. De acordo com Gilberto Monte Braga, subcoordenador da ação do Grupo Móvel, neste segundo caso o proprietário se apresentou e colaborou com os auditores fiscais no pagamento e transporte dos trabalhadores.

A ação - Na primeira fazenda a situação encontrada se mostrou mais grave.
Os trabalhadores estavam há pelo menos dois meses em situação degradante de trabalho para atuar na derrubada da mata local e transformá-la em pasto para o gado. O fazendeiro, de nome Júnior Baiano, contratou com a promessa de pagar R$ 300,00 por hectare limpo, alimentação, transporte, além de outros direitos trabalhistas obrigatórios.

Porém, o que o Grupo Móvel - formado por auditores do MTE, procurador da Ministério Público do Trabalho e Polícia Federal - encontrou, apenas confirmou o relato de um trabalhador fugitivo que denunciou a situação. Para denunciar a situação, o trabalhador caminhou durante quatro dias pela floresta, chegando à civilização com os pés cheios de bolhas e picado por mosquitos.

"Um outro trabalhador que veio comigo, adoeceu e ficou no caminho. Passei fome e sede, mas qualquer coisa era melhor que aquilo", garantiu o trabalhador (que tem a identidade preservada).

"Eles estavam ali há dois meses sem receber nada em pagamento, dormindo no meio do mato, bebendo água suja de um poço improvisado e sem nenhum equipamento de segurança, sujeitos a picadas de mosquitos, a chuva intensa, doenças e outros perigos", relatou Benedito Lima, auditor que coordenou a ação.

Porém, o isolamento dos trabalhadores foi o fato mais impressionante. O comboio demorou cerca de 13 horas para alcançar a propriedade. "Em certo momentos o acesso se tornou quase impossível, pois a ponte que faz ligação da propriedade com a estrada ficou submersa e a chuva transformou a estrada em lama pura. Quando chegamos, vimos que íamos precisar da ajuda de um helicóptero para fazer a retirada os trabalhadores".

Trabalho escravo - Pela situação em que foram encontrados, o grupo decidiu retirar os trabalhadores e intimar o proprietário a responder pela utilização de mão-de-obra análoga a de escravo. "O isolamento dos trabalhadores e a precariedade em que estavam trabalhando caracteriza", esclarece.

Um helicóptero da Aeronáutica chegou ao local na sexta-feira (23) e já no sábado pela manhã deu início à retirada de 38 trabalhadores que estavam ilhados na fazenda. O empregador terá de desembolsar R$ 75 mil em indenização trabalhista, será multado pelas infrações, além de responder por uso ilegal de mão-de-obra. Os trabalhadores, após liberados pelo Grupo Móvel, vão retornar às suas localidades e receberão parcelas do seguro-desemprego. Metade morava em cidades da região e outros vinham do município de Xambioá, no Tocantins.

Fiscalização - Dados da Secretaria de Inspeção do Ministério do Trabalho e Emprego indicam que, desde 1995, já somam 28.786 trabalhadores resgatados pelo Grupo Especial Móvel de Fiscalização do Trabalho Escravo no país, instrumento criado pelo governo para combater a utilização ilegal de mão-de-obra, principalmente em propriedades rurais. Até 7 de maio deste ano (portanto, não incluindo a ação no Pará), já foram resgatados 1.019 trabalhadores em situação análoga a de escravos, em 23 operações em todo o Brasil. R$ 1.056.988,39 em indenizações a esses trabalhadores já foram pagos.

 

Mais informações: Grupo Móvel do MTE intensifica ações contra trabalho escravo no setor sucroalcooleiro 

 

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