Demora no julgamento dos culpados pela morte de quatro funcionários do Ministério pode comprometer eficiência do trabalho dos auditores, já que muitos se sentem ameaçados pela impunidade que se tem no processo
Foto: Renato Alves
Audiência viúvas de auditores
Ministro Carlos Lupi durante audiência com a presidente
do SINAIT, Rosa Maria, e as viúvas dos auditores fiscais
mortos em Unaí
Brasília, 29/01/2008 - O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) vai preparar uma nota técnica a fim de mostrar os efeitos que a demora do julgamento dos nove acusados de envolvimento da chacina de Unaí (MG) têm causado nos auditores fiscais. O anúncio foi feito nesta terça-feira (29) pelo ministro da pasta, Carlos Lupi, durante audiência com a presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (SINAIT), Rosa Maria Campos Jorge, e com as viúvas dos auditores fiscais do trabalho (mortos em Unaí, quando se dirigiam a mais uma fiscalização).
"Estou solicitando à nossa secretária de Inspeção do Trabalho, Ruth Vilela, que prepare uma nota técnica para termos um parecer do efeito que essa impunidade está gerando na ação dos auditores fiscais. Isso gera um efeito grave na eficiência e na maneira de trabalho pois muitos se sentem ameaçados pela impunidade que se tem nesse processo", relatou Lupi em coletiva à imprensa.
A pedido do SINAIT, o ministro também assinou nesta terça-feira um abaixo-assinado pedindo a punição dos envolvidos no crime. O SINAIT tem manifestado sua indignação em diversos fóruns, buscando apoio das instituições da sociedade para exigir do Poder Judiciário que o caso seja concluído com o julgamento e punição dos responsáveis pelo crime. "Nós estamos pedindo ao ministro Lupi que nos ajude para que se tenha agilidade na apuração do processo. Vamos coletar essas assinaturas em todo o país. A demora do processo não se justifica", declarou a presidente do SINAIT, Rosa Maria.
O crime em Unaí aconteceu há quatro anos e, até hoje, os culpados permanecem indefinidos e impunes. Naquela ocasião (28/01), três auditores fiscais do trabalho e um motorista do MTE foram executados a tiros por pistoleiros. Os auditores fiscais João Batista Soares Lage, 50, Eratóstenes de Almeida Gonsalves, 42, Nelson José da Silva, 52, e o motorista da então Delegacia Regional do Trabalho Aílton Pereira de Oliveira, 51, foram assassinados em um trevo conhecido como Sete Placas, na rodovia MG-188, que dá acesso aos municípios de Unaí, Bonfinópolis de Minas e Paracatu. Eles participavam de uma fiscalização regular em fazendas de plantação de feijão no município.
O inquérito na Justiça afirma que a motivação do crime foi o incômodo provocado pelas insistentes multas impostas pelos auditores. Nelson José da Silva seria o alvo principal, tendo aplicado cerca de R$ 2 milhões em infrações à fazenda dos Mânica por descumprimento de leis trabalhistas. Também respondem processo os pistoleiros Erinaldo de Vasconcelos Silva, Rogério Alan Rocha Rios e William Gomes de Miranda; o suposto contratante dos matadores, Francisco Élder Pinheiro e os supostos intermediários Humberto Ribeiro dos Santos, Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro.
Ato de protesto - Familiares, amigos, auditores fiscais e trabalhadores cobram agilidade no julgamento dos acusados e exigem a punição dos culpados. O Sindicato dos Auditores Fiscais do Trabalho, aliado a movimentos sociais ligados ao campo, está organizando manifestações para esta segunda-feira, protestando pela demora no julgamento dos acusados. A entidade, em Nota Pública, condena a demora na punição dos culpados e pede celeridade ao caso.
O Sindicato dos Auditores Fiscais do Trabalho em Goiás (Sindafit) e a Associação dos Servidores do Ministério do Trabalho em Goiás (Asmitego) realizam na segunda-feira (28/01), às 8h30, no auditório da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Minas Gerais um Culto Ecumênico lembrando o assassinato. As duas entidades estão colhendo assinaturas em um abaixo-assinado que será encaminhado ao Ministério da Justiça, a fim de que seja realizado o julgamento dos assassinos da chacina de Unaí.
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