Levantamento da Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego mapeou 21.859 empreendimentos, nos quais atuavam mais de 630 mil mulheres
Brasília, 05/03/2009 - Empreendimentos de economia solidária ajudam a pôr de lado essa ideia de que a mulher é o sexo frágil. Sejam mães de família, que se desdobram em duplas jornadas, ou solteiras correndo atrás de uma boa oportunidade, as mulheres arregaçam as mangas e atuam como gestoras de projetos solidários. De acordo com mapeamento realizado em 2007 pela Secretaria Nacional de Economia Solidária, do Ministério do Trabalho e Emprego, em 21.859 empreendimentos econômicos solidários analisados em 52% dos municípios brasileiros, participavam 1.687.496 trabalhadores, sendo 630.382 mulheres. Dois anos antes, quando foram analisados 14.954 empreendimentos, havia 1.251.882 trabalhadores, destes 450.663 eram mulheres.
No levantamento de 2007 da Senaes, 3.875 empreendimentos econômicos solidários são formados exclusivamente por mulheres. Do total de empreendedoras, 8% estão em projetos de até 20 participantes (contra 4% dos homens); 16% naqueles entre 21 e 50 participantes (contra 13% dos homens); e 76% delas atuam em empreendimentos acima de 50 participantes.
Um exemplo disso é a cooperativa de costureiras Unidas Venceremos (Univens), de Porto Alegre, que possibilita às cooperadas optarem pelo trabalho na cooperativa ou em casa, conciliando questões do dia-a-dia. Mais afetadas pela falta de empregos - pesquisa recente do Dieese aponta que a taxa entre as mulheres foi de 16,5% em 2008, contra 10,7% dos homens - e muitas vezes as únicas responsáveis pelo sustento da família, a tal da dupla jornada pesa na busca por um rendimento. Nessa hora, os empreendimentos solidários podem ser muito úteis às trabalhadoras.
"As mulheres conseguem ter um espírito empreendedor, conseguem olhar a longo prazo, não só do ponto de vista econômico, mas também sob aspectos da vida cotidiana", conta Nelsa Inês Fabian Nespolo, presidente da Univens e da Justa Trama, cadeia produtiva de algodão ecológico no Brasil. "Isso é fundamental para a gente visualizar um futuro diferente e construir uma economia diferenciada, que tenha retorno financeiro e também pessoal.
No começo, em 1996, a Univens reuniu 35 mulheres da capital gaúcha em busca de oportunidade de trabalho, renda e coletividade. Hoje, em toda a cadeia são mais de 700 trabalhadores envolvidos de forma direta e mais de 2.000 de forma indireta: 60% são mulheres e, nas atividades de costura, elas representam 99%.
O MTE acreditou na iniciativa e é parceiro de todos esses empreendimentos. "A parceria com a Secretaria Nacional de Economia Solidária aconteceu quando percebemos que podíamos nos juntar com outras cooperativas e fazer uma grande rede em nível nacional, uma grande cadeia que envolvesse costureiras, fiadores, tecelões e também plantadores de algodão. A Senaes foi nossa primeira parceira que viabilizou o projeto. Nos ajudou a fazer o primeiro momento de toda essa cadeia: a comprar o algodão, a fiar, tecer e confeccionar pela primeira vez", revela Nelsa.
Hoje produzem camisetas, bermudas, sacolas, vestidos, entre outros produtos feitos de algodão ecológico e adereços de sementes da Região Norte do Brasil, da Amazônia. Atuam em conjunto a filiadas da Justa Trama no Ceará, São Paulo, Santa Catarina e Rondônia e, ainda exportam seus produtos para França, Espanha e Itália. Tudo isso, fruto do esforço dos cooperados e do apoio do Ministério do Trabalho e Emprego. "Sem essa parceria teria demorado muito mais tempo para gente construir tudo o que já alcançamos."
Gabriela Cavalcanti Cunha, gestora Governamental da Secretaria Nacional de Economia Solidária, confirma o compromisso: "A Economia Solidária tem sido uma resposta importante dos trabalhadores e trabalhadoras em relação às transformações ocorridas no mundo do trabalho", afirmou.
Economia Solidária - É um jeito diferente de produzir, vender, comprar e trocar o que é preciso para viver. Cooperando, fortalecendo o grupo, cada um pensando no bem de todos e no próprio bem. A economia solidária vem se apresentando, nos últimos anos, como inovadora alternativa de geração de trabalho e renda e uma resposta a favor da inclusão social. Compreende uma diversidade de práticas econômicas e sociais organizadas sob a forma de cooperativas, associações, clubes de troca, empresas autogestionárias, redes de cooperação, entre outras, que realizam atividades de produção de bens, prestação de serviços, finanças solidárias, trocas, comércio justo e consumo solidário.
Papel do MTE - O Ministério do Trabalho e Emprego passou a assumir, para além das iniciativas de emprego e de proteção dos trabalhadores assalariados, o desafio de implementar políticas que incluam as demais formas de organização do mundo do trabalho e proporcionem a extensão dos direitos ao conjunto dos trabalhadores. A Secretaria Nacional de Economia Solidária colabora com a missão do Ministério, fomentando e apoiando os Empreendimentos Econômicos Solidários por meio de ações diretas ou indiretas.
Mapeamento 2009 - Com o objetivo de proporcionar a visibilidade, a articulação da economia solidária e oferecer subsídios nos processos de formulação de políticas públicas, a Senaes realiza mapeamento da economia solidária no Brasil. Para isso, foi desenvolvido o Sistema Nacional de Informações em Economia Solidária (SIES), composto por informações de Empreendimentos Econômicos Solidários (EES) e de Entidades de Apoio, Assessoria e Fomento (EAF).
Agora em 2009, a base do SIES será ampliada e atualizada, com uma novidade: o Complemento Mulheres, atendendo às demandas para melhor caracterizar situações predominantes entre esse público.
Para mais informações consulte o Relatório Nacional (disponível em http://www.mte.gov.br/ecosolidaria/sies.asp)
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