O evento que participavam teve o final antecipado e as delegações conseguiram deixar o país às 3h da manhã, no horário do Brasil. André Figueiredo e Pedro Amaral estão neste momento na Austrália
Foto: Renato Alves
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Secretário-Executivo do MTE, André
Figueiredo
Brasília, 12/02/2008 - Os representantes do Ministério do Trabalho e Emprego já conseguiram deixar o Timor Leste, país que entrou em estado de emergência e onde foi instituído toque de recolher depois das tentativas de assassinato do presidente José Ramos Horta e do primeiro-ministro Xanana Gusmão. O Secretário-Executivo, André Figueiredo, e o chefe da Assessoria de Internacional, Pedro Amaral, participavam da 8ª Reunião de Ministros de Trabalho e dos Assuntos Sociais da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que começou em 9 de fevereiro e deveria se estender até 13 de fevereiro, quarta-feira, na capital Díli.
O evento teve o final antecipado e as delegações conseguiram deixar o país às 14h, no horário local (3h da manhã no Brasil, o fuso timorense é cerca de 11 horas). O primeiro-ministro Xanana Gusmão participou do encerramento da 8ª Reunião.
"A participação do primeiro-ministro no encerramento do encontro só mostra o estado de tranqüilidade que agora se encontra o Timor Leste e a maturidade deste país em busca da democracia, mesmo com o seu presidente ferido e em estado grave", destacou o Secretário-Executivo do MTE, André Figueiredo.
Figueiredo e Pedro Amaral estão neste momento em Darwin, na Austrália, aguardando vôo para Sidney. A saída do Hotel Timor, onde todos os participantes da reunião estavam hospedados, foi tranqüila, feita sob escolta de forças da Organização das Nações Unidas (ONU) até o aeroporto. O Consulado do Brasil em Sidney foi o responsável por viabilizar a saída dos brasileiros.
De acordo com os funcionários do Ministério do Trabalho e Emprego, não houve confronto nesta noite. Mas ambos estão muito preocupados com a situação da população em Díli.Quando chegarem a Sidney, na Austrália, André Figueiredo e Pedro Amaral terão reuniões com o cônsul do Brasil na Austrália, que foi embaixador do país no Timor Leste, para tentar elaborar algum tipo de ajuda ao país.
"Reafirmamos o nosso compromisso com o Timor Leste. Nossa missão é ajudar a reconstruir o país, que é pobre de tudo. Vamos estudar como podemos elaborar uma ação intergovernamental de ajuda ao povo timorense", disse André Figueiredo.
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - Os representantes das nações na 8ª Reunião assinaram a 'Declaração de Díli', repudiando os atentados e reforçando a necessidade da democracia. "Considerando os graves atentados contra Sua Excelência o Presidente da República e Sua Excelência o Primeiro-Ministro da República Democrática de Timor-Leste, ocorridos na manhã da abertura desta Reunião, entenderam por bem decidir repudiar os ataques à democracia e reafirmar que o respeito às instituições democráticas é inegociável, manifestando a sua solidariedade para com o povo de Timor-Leste neste difícil momento, desejando a rápida recuperação de Sua Excelência, o Presidente da República, Dr. José Ramos-Horta"
"Manifestar o desejo de manutenção da estabilidade e normalidade democráticas a Timor-Leste, condição essencial para que os Timorenses enfrentem o seu futuro com firmeza, confiança e certeza, assegurando sempre a eficiência, dignidade e prestígio do seu país. Dar continuidade ao desenvolvimento de Sistemas de Proteção Social nos Estados onde ainda não estejam implementados e manter um intercâmbio regular de troca de experiências e de informações neste domínio, entre os Estados-membros da CPLP, bem como reuniões e seminários a nível bilateral ou multilateral. Dar continuidade à realização de parcerias técnicas, bilaterais ou multilaterais, e ao intercâmbio regular de experiências e de informações entre os organismos que se ocupam do trabalho e assuntos sociais, incluindo a proteção dos grupos mais vulneráveis"
A 9ª Reunião dos Ministros do Trabalho e dos Assuntos Sociais da CPLP foi marcada para o primeiro semestre de 2009, em Portugal.
Os últimos acontecimentos - Figueiredo e Amaral estavam no único hotel da capital timorense, localizado em frente a uma zona portuária e ao lado de um campo de refugiados. Nesta segunda-feira (11), o Secretário-Executivo do MTE destacou que o clima no hotel entre as delegações de países que participam do evento era de tranqüilidade. De acordo com Figueiredo, o hotel foi fechado logo após a determinação de toque de recolher e as ruas próximas a ele são vigiadas por forças portuguesas da Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo informações de agências internacionais, o presidente Horta, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1996, foi ferido no estômago em um ataque em sua própria casa comandado pelo líder rebelde Alfredo Reinaldo. Reinaldo, que acabou sendo morto pela guarda presidencial, é ex-comandante da Polícia Militar e do Componente Naval das Forças de Defesa do Timor Leste e apontado como o responsável pela convulsão social ocorrida em Dili entre abril e maio de 2006, que matou 37 pessoas e desalojou 155 mil.
Um dia antes da tentativa de assassinato, os representantes dos países que participam da reunião internacional estiveram na residência onde Horta foi atingido. "A casa fica no pé de uma serra. Achamos a localização até perigosa, já que as milícias atuam na serra", comentou o secretário-executivo do MTE.
O Timor Leste é uma ex-colônia portuguesa dominada pela Indonésia por mais de duas décadas e só se tornou independente em 2002.
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