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Trabalhadores são resgatados por helicóptero em fazenda no Pará

Grupo de Fiscalização Móvel teve de pedir auxílio da Aeronáutica para retirar trabalhadores em situação análoga a de escravo em fazenda no meio da floresta

Brasília, 26/05/2008 - Um grupo de 38 trabalhadores foi resgatado pelo Grupo de Fiscalização Móvel no sábado (24) em fazenda a 200 km do município de São Feliz do Xingu, no Pará. Os trabalhadores estavam há pelo menos dois meses em situação degradante de trabalho para atuar na derrubada da mata local e transformá-la em pasto para o gado.

O fazendeiro, de nome Júnior Baiano, contratou os trabalhadores com a promessa de pagar R$ 300,00 por hectare limpo, alimentação, transporte, além de outros direitos trabalhistas obrigatórios. Porém, o que o Grupo Móvel - formado por auditores do MTE, procurador da Ministério Público do Trabalho e Polícia Federal - encontrou, apenas confirmou o relato de um trabalhador fugitivo que denunciou a situação. Para denunciar a situação, o trabalhador caminhou durante quatro dias pela floresta, chegando à civilização com os pés cheios de bolhas e picado por mosquitos. "Um outro trabalhador que veio comigo, adoeceu e ficou no caminho. Passei fome e sede, mas qualquer coisa era melhor que aquilo", garantiu o trabalhador (que tem a identidade preservada).

"Eles estavam ali há dois meses sem receber nada em pagamento, dormindo no meio do mato, bebendo água suja de um poço improvisado e sem nenhum equipamento de segurança, sujeitos a picadas de mosquitos, a chuva intensa, doenças e outros perigos", relatou Benedito Lima, auditor que coordenou a ação.

Porém, o isolamento dos trabalhadores foi o fato mais impressionante. O comboio demorou cerca de 13 horas para alcançar a propriedade. "Em certo momentos o acesso se tornou quase impossível, pois a ponte que faz ligação da propriedade com a estrada ficou submersa e a chuva transformou a estrada em lama pura. Quando chegamos, vimos que íamos precisar da ajuda de um helicóptero para fazer a retirada os trabalhadores".

Trabalho escravo - Pela situação em que foram encontrados, o grupo decidiu retirar os trabalhadores e intimar o proprietário a responder pela utilização de mão-de-obra análoga a de escravo. "O isolamento dos trabalhadores e a precariedade em que estavam trabalhando caracteriza", esclarece.

Um helicóptero da Aeronáutica chegou ao local na sexta-feira (23) e já no sábado pela manhã deu início à retirada de 38 trabalhadores que estavam ilhados na fazenda. O empregador terá de desembolsar R$ 75 mil em indenização trabalhista, será multado pelas infrações, além de responder por uso ilegal de mão-de-obra. Os trabalhadores, após liberados pelo Grupo Móvel, vão retornar às suas localidades e receberão parcelas do seguro-desemprego.

Fiscalização - Dados da Secretaria de Inspeção do Ministério do Trabalho e Emprego indicam que, desde 1995, já somam 28.786 trabalhadores resgatados pelo Grupo Especial Móvel de Fiscalização do Trabalho Escravo no país, instrumento criado pelo governo para combater a utilização ilegal de mão-de-obra, principalmente em propriedades rurais. Até 7 de maio deste ano (portanto, não incluindo a ação no Pará), já foram resgatados 1.019 trabalhadores em situação análoga a de escravos, em 23 operações em todo o Brasil. R$ 1.056.988,39 em indenizações a esses trabalhadores já foram pagos.

 

Assessoria de Imprensa do MTE
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