Imigração haitiana no Brasil: Estado das Artes
Organizadores:
Bela Feldman-Bianco (Unicamp e representante da SPBC no CNIg)
Leonardo Cavalcanti (Universidade de Brasília e OBMigra)
Os diferentes discursos acadêmicos e políticos, juntamente com as informações da mídia e das estatísticas oficiais, atestam que desde o ano 2010 a migração Sul-Sul vem se incrementando e se diversificando no país. Entre os chamados “novos fluxos” migratórios, destaca-se o caso dos haitianos. Esse contingentes vem crescendo de forma exponencial nos últimos anos. De fato, como já mostrado no relatório do Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra) do ano de 2014, se até o início da década pouco mais de duas dezenas de haitianos faziam parte do mercado de trabalho no país, esses migrantes provenientes do Haiti passaram no curto espaço de três anos (entre 2011 e 2013) a ser a principal nacionalidade no mercado de trabalho formal no Brasil, superando os portugueses. Ademais são os únicos amparados pela Resolução Normativa nº 97, de 12 de Janeiro de 2012 do CNIg, que "dispõe sobre a concessão do visto permanente previsto no art. 16 da Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980, a nacionais do Haiti" por razões humanitárias.
Diante desse quadro, a presente chamada tem o propósito de convocar estudiosos das migrações internacionais (tanto pesquisadores consolidados quanto estudantes de pós-graduação), bem como profissionais e ativistas da questão migratória, a contribuírem com artigos para um dossiê sobre IMIGRAÇÃO HAITIANA no Brasil. Pretendemos, assim, obter um melhor conhecimento do “estado das artes” das percepções, experiências e práticas cotidianas desses sucessivos contingentes migratórios originários do Haiti, suas redes transnacionais e formas de inserção (assim como de exclusão) nas diversas localidades brasileiras, inclusive no mercado laboral formal e informal; acesso à moradia, saúde e educação; suas manifestações político-culturais e relações interétnicas, seus confrontos com diferentes formas de discriminação (inclusive de gênero e racial), seus projetos individuais e familiares (seja de reunificação familiar, seja de retorno ao Haiti ou de novas migrações para outros países) diante de uma conjuntura de crise econômica no Brasil, suas responsabilidades enquanto parte de uma diáspora haitiana etc.
Através desse dossiê, gostaríamos de proporcionar a possibilidade de socialização de diferentes pesquisas (tanto qualitativas quanto quantitativas) e experiências de atuação junto aos contingentes de haitianos radicados em várias localidades de diferentes estados do país. Julgamos também imperativo que o levantamento desse “estado das artes” sirva de subsídio para a formulação e operacionalização de políticas migratórias
Dúvidas sobre a chamada poderão ser esclarecidas através do e-mail: cadernos.obmigra@gmail.com .
As instruções gerais, normas e demais informações para a publicação podem ser conferidas no link: http://periodicos.unb.br/index.php/obmigra/about/submissions#authorGuidelines .