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Trabalhadores maranhenses são resgatados em fazendas no Pará

Falsas promessas iludem cidadãos que saem das suas cidades de origem para buscar trabalho no estado vizinho. Ministério do Trabalho e Emprego liberta 49

Brasília, 15/07/2008 - Dois empregadores rurais em São Feliz do Xingu, no Pará, foram autuados pelo Grupo Móvel de Fiscalização do Trabalho Escravo por manter trabalhadores em regime análogo ao de escravo em suas propriedades, inclusive um menor de apenas 13 anos que exercia a profissão de vaqueiro. Os trabalhadores não recebiam salário há vários meses por contraírem dívidas com "gatos".

Um grupo de 17 trabalhadores, retirados da fazenda Cocalândia, foi recrutado no Maranhão para executar o trabalho de roço (limpeza do pasto com as mãos) e aplicação de veneno. Sem utilização de Equipamento de Proteção Individual obrigatório, eles executavam a tarefa pagando por comida, sem água potável e dormindo em barracas de lona plástica no meio do mato.

Na fazenda 3 Irmãos foram outros 32 trabalhadores retirados de situação degradante de trabalho. Eles foram encontrados dormindo em instalações precárias e pagando por tudo que consumiam, inclusive comida e equipamentos de trabalho.

Em uma das propriedades um menor, que exercia a função de vaqueiro na fazenda, não tem ainda 14 anos de idade e já tinha responsabilidade de adulto. No grupo havia também duas mulheres que exerciam a função de cozinheiras. "Os trabalhadores eram designados para várias frentes de trabalho e, além de não terem carteira assinada, pagavam por todos os benefícios recebidos", explicou a subcoordenadora do Grupo Móvel, Inês Almeida.

A ação teve início no dia 09 de julho último e os empregadores já concordaram em pagar as dívidas trabalhistas devidas, que somam mais de R$ 170 mil, na primeira propriedade e pelo menos R$ 190 mil na segunda, fora as autuações e a multa por dano moral que deve ser imposta pelo Ministério Público do Trabalho, já que, além dos auditores, fazem parte do Grupo Móvel de Fiscalização um procurador da República e policiais federais. O pagamento dos trabalhadores está prevista para acontecer ainda esta semana.

Muitos trabalhadores são provenientes de Grajaú, no Maranhão, um dos estados mais utilizados pelos "gatos" para recrutar mão-de-obra escrava. Para iludir os trabalhadores eles oferecem várias promessas, como salário em dia, carteira assinada, alimentação e moradia. Porém, ao chegar na propriedade a realidade encontrada é outra totalmente diferente. "Eles já chegam devendo o transporte e, a partir daí, outras dívidas vão surgindo, fazendo com que ele trabalhe apenas para pagar dívidas, não recebendo o salário a que tem direito", explica a auditora. 

O grupo será encaminhado ao local de origem com passagem paga pelo empregador, além de receber as parcelas do seguro-desemprego a que tem direito.

 

Mais informações: Grupo Móvel resgata 18 trabalhadores em fazenda de empregador reincidente 

 

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