Entre os libertados, alojados em casebres e sem acesso sequer à água potável, havia uma mulher e um menor de 17 anos
Maranhão, 08/06/2010 - O Grupo Móvel de Combate ao Trabalho Escravo da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Maranhão (SRTE/MA) realizou operação que culminou na libertação de cinco trabalhadores submetidos à condição análoga à de escravo no último dia 13 de maio, dia simbólico da libertação dos escravos no Brasil). Entre os resgatados havia uma mulher e um menor de 17 anos, que exercia a função de vaqueiro em uma fazenda no lugarejo São Félix, na Estrada Codó, próximo a Governador Archer (MA).
Segundo o coordenador do Grupo Móvel, o auditor fiscal do Trabalho Carlos Henrique Oliveira, foi constatado que os trabalhadores contratados irregularmente exerciam o ofício de roçado em condições "sub-humanas". Além da ausência de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), os cinco trabalhadores oriundos dos municípios de Capinzal do Norte e Governador Archer (MA), estavam alojados em um casebre de taipa coberto de palha de babaçu, em precárias condições de habitação e higiene.
"O casebre não possuía qualquer instalação sanitária e os empregados do roço se viam obrigados, a beber e utilizar, no dia-a-dia, água de coloração amarelada retira de uma cacimba infestada de sapos e rãs", afirma Oliveira.
A única mulher entre os 17 trabalhadores e cujo marido atuava no local como vaqueiro, era responsável por fazer diariamente a alimentação precária do grupo, composta basicamente de arroz misturado com folhas de "vinagreira", pimenta e limão.
O chefe do Grupo Móvel revelou ainda que os trabalhadores estariam endividados junto a comerciantes locais indicados pelo aliciador de mão-de-obra. Segundo o auditor, a remuneração mensal de R$ 120 - atrasada há pelo menos três meses - e os preços superfaturados dos produtos eram as causas do endividamento.
Os fiscais procederam à identificação dos trabalhadores e quatro dias depois o proprietário da fazenda compareceu à Agência Regional do Trabalho e Emprego em Codó para quitar as rescisões trabalhistas dos resgatados. Estes receberam as indenizações trabalhistas, pagas diretamente pelo empregador. Na mesma ocasião, os auditores do MTE emitiram os requerimentos do Seguro Desemprego para trabalhadores resgatados, para o grupo.
Os resgatados receberam ainda dos fiscais da SRTE o orientação para evitarem a contratação de serviços por intermediários, pelos "gatos" que os levassem a se tornarem, novamente, vítimas de trabalho degradante, denunciando, de imediato, ao órgão competente, qualquer tentativa de aliciamento para atividade laboral em situação lastimável, como aquela em que foram encontrados.
Ação do MTE - Entre l995 e maio deste ano, foram resgatados 37.205 trabalhadores de trabalho degradante, pagos quase R$ 60 mil de indenizações em 963 operações.
Assessoria de Imprensa da SRTE/MA